julho 30, 2012


Fragmentos de um discurso amoroso...

A linguagem é uma pele:
esfrego minha linguagem no outro.
É como se eu tivesse palavras ao invés de dedos,
ou dedos nas pontas das palavras.
Minha linguagem treme de desejo.
A emoção de um duplo contato:
de um lado, toda uma atividade do discurso vem,
discretamente, indiretamente,
colocar em evidência
um significado único que é "eu te desejo",
e liberá-lo, alimentá-lo,
ramificá-lo, fazê-lo explodir
(a linguagem goza de se tocar a si mesma);
por outro lado,
envolvo o outro nas minhas palavras,
eu o acaricio,
o roço, prolongo esse roçar,
me esforço em fazer durar o comentário
ao qual submeto a relação...

Roland Barthes.

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